quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Princípios: O pasto de um bode torto

Alguns hão de discordar dos princípios de nossa manada, argumentando que a forma mais eficaz de acabar com os trolls é simplesmente estabelecendo regras mais rígidas para a moderação dos fóruns e blogs, com moderação ou expulsão sumária dos baderneiros tão logo eles sejam identificados. Com isto, sem dúvidas, nós concordamos facilmente. O problema é que nem todos os fóruns e blogs interessantes da internet estão nas nossas mãos e, portanto, temos que estar preparados para a contingência de nos depararmos com um troll em um sítio sobre o qual nós não temos nenhum poder coercitivo. Nestas situações, o que fazer?

Nem todas as ferramentas são igualmente úteis para todas as situações! Isto é muito óbvio. Não serve um serrote para bater um prego numa parede, um pincel para cortar um pedaço de madeira e nem um martelo para pintar uma cerca. Do mesmo modo os papéis de internet. Não serve um bode torto para discutir em qualquer situação, e nem nós propomos semelhante idéia (a nosso ver estúpida). Um bode torto - é o que defendemos - é extremamente útil para debater em algumas situações específicas, nas quais ele é capaz de neutralizar eficazmente o comportamente deletério dos picaretas intelectuais.

Que situações são essas? Basicamente, qualquer situação onde o troll não possa ser contido por "força física" (expulsão ou moderação) e esteja exercendo uma má influência na discussão. Disto, segue-se que existem pelo menos duas situações em particular nas quais é preferível não soltar um bode torto:

1. onde seja possível simplesmente impedir o picareta de trollar, por meio da moderação (nestes casos, tal atitude é sem dúvidas preferível); e

2. onde a força dos debatedores honestos sobrepuje a dos trolls, de modo que seja possível (com razoabilidade) pôr à mostra a picaretagem dos trolls pelas vias da argumentação racional.

Tenhamos sempre isto com clareza: o nosso objetivo é restabelecer a ordem e possibilitar o mútuo enriquecimento intelectual entre pessoas honestas através da internet. Por isso que é sempre preferível conter os vândalos à força ou vencê-los por meio do debate honesto. Somente na situação em que o primeiro não seja possível e o segundo não seja razoável é que devemos chamar os bodes tortos para esmagar os picaretas virtuais.

Exemplos dessas situações nós temos aos montes. Existem muitos fóruns e blogs interessantes que não estão sob nosso domínio e dos quais com freqüência vale a pena participar. O moderador destes espaços pode estar ausente, pode ser tolerante aos trolls, pode ser ele próprio um troll (ou alguém que defende por princípio uma liberdade absoluta na discussão), etc. Outras vezes, acontece do espaço de discussão ser passível de perder a sua credibilidade caso as manifestações de dissonância sejam sempre tolhidas - e, portanto, em tais casos é preciso estar preparado para responder à relativa liberdade da qual gozam os picaretas intelectuais. Ainda: com freqüência nós nos encontramos em situações tais onde simplesmente fomos jogados "no meio da confusão", como (p.ex.) em threads de email (ou do Google Buzz, do Twitter, de mentions do Facebook, etc.) às quais fomos lançados e onde as nossas únicas opções são discutir ou dar silent - e muitas vezes vale a pena calar os ignorantes e impedir a disseminação da vigarice intelectual. Sem contar que vigaristas sempre existiram e sempre vão existir, e é sem dúvidas preferível dispersar as energias deles dentro de um espaço contido e controlado (a nossa discussão com eles) do que deixá-los livres para trollar na internet inteira. Portanto, pastos para um bode torto sempre haverá, e situações nas quais estes ruminantes serão necessários sempre podem ser encontradas. Sábio é o bode capaz de discerni-las.

Cabe sempre lembrar que um bode torto é uma arma, e uma arma destrutiva, e como tal ele deve sempre ser empregado. É uma questão de senso comum saber que não se devem usar armas em todas as situações; mas qualquer pessoa de bom senso também há de convir que existem situações nas quais elas são úteis e necessárias. É para estas situações que nós existimos; é este o nosso propósito; é (somente) com relação a este objetivo que nós aceitamos ser julgados.

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